ENTREVISTA

Conheça a história da banda carioca Soul de Brasileiro: “Somos muito gratos por conseguirmos, em meio à adversidade, realizar cada um dos nossos sonhos”

Por Clara Jardim

Definida pela atriz e escritora Elisa Lucinda como “a afinação de um povo”, a banda Soul de Brasileiro faz um trabalho autoral em ritmos plurais, refletindo o amor e outras vivências em seus versos. “O que era aquilo? Quem eram aquelas pessoas? Eu estava no Harlem? Eu estava no Brooklyn? Não. Eu estava no Brasil”, completa Elisa ao falar da primeira vez em que ouviu a voz de Zé Junior, Negra Silva e G Vieira, cantores criados na Vila Kennedy da Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ). “Na melhor metáfora, é como eu costumo dizer: existe fúria na beleza.”

Beleza esta que encanta em quatro novas canções, lançadas em 2022, e cujo single Sex Tape conta com um release poético da própria Elisa Lucinda.

Em entrevista à Uma Revista, a banda compartilha a sua história artística e a sua visão do Afrofuturo.

Foto: @rafavidalph

Clara Jardim: Como e quando surgiu a ideia de montar a banda? Há quanto tempo cantam juntos?

SouldeBr: Cantamos juntos há mais de dez anos! A SouldeBr surgiu com nossa amizade… E até se confunde com ela. É essa é a grande parada da nossa sintonia! Mas, profissionalmente, a ideia de montá-la surgiu logo após o Favela Festival. Um festival de música autoral realizado pela Rede Globo e a Cufa Rio (Central Única das Favelas do Rio de Janeiro).

Clara Jardim: Quais são as inspirações musicais de vocês na hora de compor?

SouldeBr: São muitas as inspirações! As pessoas, suas vivências e as nossas também. É fundamental ter ouvido muito em nossos quintais nomes como Djavan, Tim Maia, Almir Guineto, Alcione e tantos que nos emprestaram a poesia para falar do nosso tempo e de nossas emoções como falamos hoje.

Clara Jardim: Como vocês descrevem as vozes do Afrofuturo?

SouldeBr: As vozes do Afrofuturo são potentes, significam não somente a força. O signo é ancestral e tem a ver com a nossa existência. Quando nos enxergamos como cantores do Afrofuturo, estamos exigindo o nosso lugar numa sociedade que, por deformação, sempre o negou. É uma questão da qual, nem se quiséssemos, poderíamos fugir. As vozes do Afrofuturo têm, em sua composição, cordas de pretos e pretas que vieram antes de nós, com as suas diásporas, marcas. A sua ciência, filosofia e fontes de orientação para indivíduos contemporâneos que somos. O Afrofuturo não é somente, mas é, também, formado disso. Além de nos centrar nas especificações de mercado da nossa área, que é a cultura, e de nos deixar prontos para todo tipo de investimento.

Clara Jardim: Como começou a paixão pela música?

SouldeBr: Como muitas paixões começam, intensas e inesperadas; mas a diferença é que não passa nunca, não amorna. É como se, dentro da paixão, outra e outra surgissem. Nós três temos histórias aqui, na Soul de Brasileiro, de como a música nos salvou. Nos salvou dos limites de uma comunidade e continua a não deixar que enxerguemos limites para o que sonhamos pra nós.

Clara Jardim: Quais os próximos passos da banda?

SouldeBr: Estamos em um ótimo momento criativo! Lançamos quatro singles no primeiro semestre e estamos muito felizes com o processo, porque ele tem nos dignificado como artistas de música urbana que somos. Começamos com Sex Tape, um afropop beat dançante; na sequência, Melhor Assim, um trap/r&b cheio de surpresas e brasilidade, e Pedacin, que é uma metáfora para esse momento de nossa carreira. Digamos assim, ao mesmo tempo em que é coreográfico, biográfico e pop, é uma viagem com sonoridades nas nossas experiências. E a quarta música é especial demais! Chama-se Diamante e leva no seu conceito a ideia de que suportamos os muitos desafios da vida, porque, de verdade, por dentro, somos tão resistentes e belos como esse mineral que nos provoca tanto fascínio. Quando se descobre isso, é como um diamante que devemos brilhar. Uma música de mensagem direta, tão reta que temos Elisa Lucinda emprestando a sua arte para o conceito, em um texto belíssimo que ela fez exclusivamente para a nossa música. É um projeto que fazemos com total liberdade, criatividade e muita alegria. Porque estamos envolvidos em todo o processo de produção dessas músicas. Estamos concebendo a estrutura do próximo show, que ficará pronto agora, no segundo semestre, junto a muitas outras novidades. Somos muito gratos por conseguirmos, em meio à adversidade, realizar cada uma das nossas metas na evolução dessa carreira.

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